Ao Poeta José Gil

«o caminho será simples e
leve (...), bebo-o distante das
árvores e do oceano,»
José Gil

Há sempre um dedo a apontar para o mapa
de todas as paisagens mecânicas.

Caminhos erráticos dos homens
tranquilamente esperando o comboio
sempre desencontrado.
Percorres esses caminhos
com a simplicidade dos simples
que nada querem da vida nem da morte.

Pobres sombras arrastando o último Sol
como quem arranca crostas de chagas
não esquecidas das bofetadas
que sangram abominações sofridas.

Corifeu em cena permanente,
viajas com os dedos suados
acariciando fantasmas
que tapam o frio sem pão das bocas que beijas
e desviam a tua cabeça
dos corpos das mulheres desenhadas
na berma dos teus caminhos simples e leves.

Ah Como gostaria de te acompanhar!

Ao invés de andar com o cio da noite
guardado no espanto de fingir uma dor,
que esconda, a verdadeira dor
de viver neste país em transe de queda

Abril 2007

Manuel C. Amor
Autor:
Manuel C. Amor
Nome Completo:
José Manuel Couto Amor
Género Literário:
Poeta
Profissão:
Enfermeiro
Nascimento:
08 de agosto de 1946, Socorro, Lisboa, Portugal
Falecimento:
03 de outubro de 2020, Horta, Faial, Açores, Portugal