Nos primeiros cem anos do chamado "Descobrimento" a nossa literatura esteve atrelada aos registros históricos e relatórios dirigidos à Coroa Portuguesa: era uma literatura de informação.

Os relatórios dos colonizadores portugueses traziam implícita a marca cultural européia e eram meramente descritivos: relatavam da fauna, da flora, dos indígenas, da terra que, como disse Caminha, "em se plantando, tudo dá". Eram crônicas não-literárias, mas com grande valor histórico.

A Carta de Pero Vaz de Caminha, o primeiro relato extenso sobre o Brasil, enviado a D. Manuel tão logo aqui chegaram em 1500, é um documento precioso da nossa história.

Outros documentos da época eram os diários de viagem, das expedições guarda-costas, a princípio, em seguida das exploradoras e, por fim, das colonizadoras. Narravam eventos e apontavam observações náuticas e geográficas, o que as configurava como documentos de interesse para a história marítima de Portugal e para a da colonização do Brasil. Houve algumas outras obras, sempre essencialmente informativas: mas prosa, não poesia.

Na poesia o destaque é jesuíta José de Anchieta, que escreveu poemas líricos e épicos. Escreveu nas areias das praias de Iperoig, atual Ubatuba, em São Paulo, com seu bastão: foram 4072 versos latinos de puro afeto à Virgem Maria. Anchieta veio para catequizar os indígenas e fez muito mais que isso: fundou a cidade de São Paulo, a Santa Casa de Misericórdia e foi professor, entre outras atribuições e funções que acumulava.