O aparecimento da poesia contemporânea portuguesa, remonta ao período da revolução estética produzida pelo Romantismo e passa, já no início do século, pelo influxo de correntes existente no final do século XIX, tais como o Simbolismo, o Decadentismo ou o Neogarrettismo, que, nascidas da reacção anti naturalista, desaguarão em novas tendências, tais como o Saudosismo e o Modernismo.

O século XX tem, como referência na poesia portuguesa a experiência da Geração de Orpheu e mais concretamente o universo de Fernando Pessoa. A produção poética da década de quarenta reflecte o antagonismo entre duas tendências teóricas opostas, o Presencismo (também designado Segundo Modernismo) e o Neo-Realismo, que coexistem com uma terceira via, a dos autores que encontram em Cadernos de Poesia a possibilidade de afirmar a isenção e essencialidade da palavra poética.

Na década de 50, convergem várias tendências estéticas, afirmadas em publicações como Távola Redonda, Árvore, Notícias do Bloqueio, Cancioneiro Geral ou Cadernos do Meio-Dia, que, apontando quer para a consideração da existência de uma segunda geração neo-realista e de uma segunda geração surrealista quer para o influxo do existencialismo, confluem no que, de um modo lato, é usual designar de Geração de 50.

A década de 60 inaugura, com o projecto de Poesia 61 e com os manifestos de poesia concreta ou experimental, um período caracterizado por uma maior atenção ao significante e à corporalidade da palavra poética.

O grupo de poesia 61 (Faro, / S. Edit./, 1961), integrado por Fiama Hasse Pais Brandão, Gastão Cruz, Luiza Neto Jorge, Maria Teresa Horta e Casimiro de Brito, com uma proposta clara de textualização e apagamento da subjectividade, elabora um discurso poético duplamente contextualizado (assente em forças geradas pelo contexto histórico e textual).