A Rima na poesia, é a consonância de palavras ou sílabas dando ao ouvido uma impressão agradável. "Depara-se-nos uma rima (final) quando, em duas ou mais palavras, a última vogal acentuada, com tudo o que se lhe segue, tem idêntica sonoridade" [1]

Em geral, a rima é a identidade e/ou semelhança sonora existente entre a palavra final de um verso com a palavra final de outro verso na estrofe. Contudo, pode verificar-se também o processo da rima entre o final do verso e palavras que se encontram no interior deste, (rima interna ou encadeada.)

A rima era o elemento essencial para que os Clássicos considerassem um texto como sendo "Poesia" e podem ser classificada quanto:

Acentuação tónica (métrica):

  • Agudas – Terminados em palavra oxítona (em que a sílaba tónica é a última).
    Exemplo: "Onde canta o sabiá" por Gonçalves Dias;
  • Graves – Terminados em palavra paroxítona (em que a sílaba tónica é a penúltima).
    Exemplo: "Quando junto de mim Teresa dorme" por Álvares de Azevedo;
  • Esdrúxulas – Terminados em palavra proparoxítona (em que a sílaba tónica é a antepenúltima).
    Exemplo: "Por entre anémonas, nadadeiras trémulas" por Cecília Meireles;

Fonética (coincidência sonora das palavras que rimam):

  • Perfeita ou Soante – Quando há analogia fonética (correspondência completa de sons): tento / vento; vele / sele; peso / teso;
  • Imperfeita ou Toante – Quando não há analogia fonética total (correspondência parcial de sons): âmbar /amar; até /ate; estrela / vela;

Morfologia (estrutura e configuração das palavras):

  • Ricas – têm classes gramaticais diferentes:
    Exemplo:
    "Não há machado que corte
    a raiz ao pensamento
    não há morte para o vento
    não há morte"
    por Carlos de Oliveira;
  • Pobre – Pertencem à mesma classe gramatical:
    Exemplo:
    "Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
    Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia" por Ary dos Santos;
  • Preciosa – palavras quase sem rima:
    Exemplo:
    "Minha estrela da tarde
    Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde" por Ary dos Santos;
  • Coroadas – As que ocorrem dentro de um mesmo verso.
    Exemplo: "de puros sons quebrados por sons puros" por Joaquim Manuel Magalhães;

Posição na estrofe:

  • Emparelhadas ou paralelas (A...A...B...B)
    (A) - "Manuel, tens razão. Venho tarde. Desculpa.
    (A) - Mas não foi Anto, não fui eu quem teve a culpa,
    (B) - Foi Coimbra. Foi esta paisagem triste, triste,
    (B) - A cuja influência a minha alma não resiste. (...)
  • Cruzadas ou alternadas (A...B...A...B)
    (A) - "Senhora, partem tão triste
    (B) - meus olhos por vós, meu bem,
    (A) - que nunca tão tristes vistes
    (B) - outros nenhuns por ninguém."
  • Opostas: intercaladas ou interpoladas (A...B...B...A)
    (A) - "Busque Amor novas artes, novo engenho
    (B) - para matar-me, e novas esquivanças;
    (B) - que não pode tirar-me as esperanças,
  • (A) - que mal me tirará o que não tenho."
  • Continuadas: consiste na mesma rima por todo o poema.

"Já se viam chegados junto à terra
que desejada já de tantos fora,
que entre as correntes Índicas se encerra
e o Ganges, que no céu terreno mora.
Ora sus, gente forte, que na guerra
quereis levar a palma vencedora:
Já sois chegados, já tendes diante
a terra de riquezas abundante!"

  • Misturadas: as que não seguem uma "esquematização regular".

"Os navios existem, e existe o teu rosto
encostado ao rosto dos navios.
Sem nenhum destino flutuam nas cidades,
partem no vento, regressam nos rios.

As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras."