O poema é a composição literária em verso, o "organismo verbal que contém, suscita ou segrega poesia" [1]. Até a época do neoclassicismo (segunda metade do séc. XVIII), o conceito de poema era praticamente incontestado.

O poema era o texto literário que se distinguia da prosa pela sobrecarga de regras empoladas relativamente à composição em verso à organização rítmica das palavras, aliadas a recursos estilísticos e imagéticos próprios, que fazia o discurso ser incomum, não usual e criativo repleto de conotações (figuras de linguagem, principalmente metáforas) de sonoridade especial (figuras de efeito sonoro), de polivalências, de ambiguidades, de rompimentos com as normas de uso dos signos e com as normas gramaticais (signos inventados, neologismos, vícios de linguagem, etc).

A partir do pré-romantismo, desencadeou-se uma revolução do conceito do poético em que o poema, aproxima-se cada vez mais da prosa literária pela renúncia aos esquemas métricos, rítmicos, estróficos e passa a ser constituído pela divisão da sua escrita. Cada verso é um recorte no "continuum" do discurso, estabelecendo pausas fónicas independentemente das pausas sintácticas.

O moderno conceito de poetização relega para segundo plano os esquemas formais, e centra-se mais num objecto ou numa realidade sentida e descrita artisticamente.